(leia aqui)No capitulo anterior:
- Tá tudo bem, Amélia. Vamos pra casa agora. – Andréa a abraçou, e já iam descendo as escadas quando Mileno interveio:
- Não! Eles estão aqui!! – ele observava, por uma pequena fresta da janela, os quatro homens que haviam se posicionado em frente à mercearia...
Mileno pensava numa maneira de tirar as irmãs da mercearia. Foi então que lembrou-se de algo:
- É isso! Amélia, olha pra mim. – e segurou a irmã menor pelos ombros, a encarando.
- O que, mano? – e o fitou com os grandes, e ainda lacrimejantes, olhos infantis.
- Atrás do armário tem uma espécie de cano, só que bem maior, que termina naquele beco atrás da mercearia.
- Cano? Que cano, Milo? – Andréa olhou para o irmão, curiosa.
- Garret que me falou dele, quando eu ainda era pequeno. Disse que antigamente era usado pra jogar o lixo fora. Amélia é pequena o suficiente pra passar por ele... assim, ela desce e vai correndo pra casa, enquanto eu distraio eles, pra você ir pela porta dos fundos.
- Entendi. – e então se virou para Amélia – entendeu, Amie?
- Entendi... – disse, ainda com um pouco de medo.
- Ótimo. Se por um acaso você vir que eu não estou indo atrás de você, avise o papai e mamãe, entendeu bem?
- Mas... mana... eu tô com medo...
- Não precisa, Amie. Além do mais, quando mais cedo você chegar em casa, melhor não é? Então vai ter que ser bem corajosa! Por mim e por Milo, tá?
- Tá bom... – e suspirou, contendo as lágrimas. Ouviram Milo arrastar o pesado armário, e realmente lá estava o tal cano.
- Vem cá, Amie. – e a pegou no colo, para que ela subisse e passasse pela pequena portinhola de madeira – pronto. Pode ir. Não se esqueça de ir direto para casa. Não pare no meio do caminho por nada!!
- Tá bom mano... – e com isso, engatinhou pelo cano, até ouvirem ela escorregar e cair com um baque suave.
- Uma já foi... – e Milo saiu pelas escadas, segurando a arma em frente ao peito – Vamos Déia! Tenho que te tirar daqui logo.
- Certo... – e foi indo atrás do irmão.
Desceram as escadas cautelosamente, e conseguiram chegar até detrás do balcão na mesma hora em que os salteadores arrombaram a porta, com um estrondo! Mileno queria esperar que eles subissem até o depósito, para então saírem dali. Conseguiam ouvir sua conversa e seus risos enquanto pilhavam a mercearia, mas, para a total frustração dos irmãos apenas dois dos salteadores subiram até o depósito.
Então, começaram a ficar mais alardeados... um dos salteadores falou em ver se não havia algum dinheiro atrás do balcão da mercearia. O outro lhe respondeu que tudo bem, embora duvidasse que fosse encontrar algo, já que aquela mercearia era pequena. Assim, Mileno viu-se encurralado com a irmã em seus calcanhares. Abriu e arma e viu: apenas dois tiros restantes; um para cada um dos salteadores que estavam lá embaixo. Os passos do salteador que estava indo até o balcão ficavam cada vez altos, e então Mileno viu um homem alto e corpulento aparecer em sua frente. Sem nem ao menos pensar duas vezes, mirou e atirou.
O estrondo do tiro ecoou pelos tímpanos de Milo, que nunca tinha ouvido um tão de perto. O brutamontes imediatamente caiu no chão, com um buraco no peito e uma poça de sangue formando-se sob ele. Quando ouviu os salteadores que haviam subido largar as coisas, e descer as escadas, soube que aquele era o momento certo para atraí-los para longe da mercearia e de sua irmã. Levantou-se e saiu correndo em direção à janela, já que a porta estava fechada, e quebrou-a quando pulou em sua direção. E foi aí que ouviu o brado ensandecido do salteador que havia ficado lá embaixo, mandando que os outros dois pegassem Milo, mas não o matasse, pois ele mesmo queria o fazer tendo em vista que o baleado fora seu irmão.
Assim, enquanto corria sem nem ao menos olhar para trás, sentiu que algo atingia sua perna, tombando no meio da rua. A dor insuportável da seta que o atingira na dobra do joelho veio logo em seguida, quando Milo tentou se levantar denovo. Rastejou para pegar a arma que voara com o sua queda, mas alguém o puxou pela gola da camiseta, o erguendo:
- Peguei o rato, chefe.
- Perfeito. – e aproximou-se mais, ao passo que socava Milo – você vai pagar muito caro por ter matado Biro Biro... ele era o meu irmão!!
- Ei! Chefe!!! Veja só o que eu encontrei!!! – quando ouviu isso, Milo sentiu seu estômago dar uma revirada cruel: o terceiro salteador saia da mercearia, segurando Andréa perto de si, enquanto mantinha uma faca em seu pescoço.
- Não!! Andréa!!!
- Ah... então o rato conhece a ratinha...? – e deu mais um soco em Milo, enquanto aproximava-se de Andréa e segurava seu queixo – é nova, mas até que é jeitosa... – e deu um sorriso malicioso para a menina, que arregalou os olhos, enojada.
- Milo!!! Faz alguma coisa!!!!
- Agora eu sei muito bem como vou me vingar... – e gargalhou maldosamente
Mileno estava apavorado. Só a idéia de que algo pudesse acontecer com sua irmã, por sua causa, lhe dava náuseas. Lembrando-se do que Garret havia lhe ensinado um pouco sobre luta, moveu a cabeça para trás, na tentativa de acertar o nariz do homem que o segurava. Teve certeza de seu êxito quando sentiu a dor de apoiar a perna ferida no chão, e com muito esforço chegou até a arma de seu pai e engatilhou, apontando o chefe. Aquele era seu último tiro, e ele não podia errar de jeito nenhum!! Puxou o gatilho e fechou os olhos, nervoso demais para saber se iria conseguir acertar ou não. Mas, a arma não disparou. Mergulhado em terror, ouviu um tiro... estava tudo perdido...
O chefe estava morto.
O rapaz ficou estático enquanto via a cena. Quem tinha matado o chefe se sua arma havia falhado? A resposta veio com os gritos dos salteadores restantes:
- A Guarda de Elvengrado!! Vamos fugir daqui!!!
E assim os dois saíram correndo, levando Andréa de refém consigo.
Um dos atiradores da guarda o ajudou a ficar de pé, enquanto que o capitão da guarda deu algumas batidas em seu ombro:
- Meus parabéns, filho. Conseguiu segurar aqueles salteadores até a nossa chegada. Foi muito corajoso para alguém que têm uma arma tão antiga.
- Sim! – um dos outros guardas concordou – poucos enfrentam A Matilha do Lorde Chakal e saem vivos, mesmo entre nós.
- Que importa?! Eles levaram a minha irmã mais nova!!! Precisam trazê-la de volta!!!
- Capitão, perdemos eles de vista! – um outro guarda chegou.
- Quê?! Mas que droga... – e o capitão serrou os punhos, contrariado, mas evitando encarar Milo, que estava em choque.
- Não... Andréa... não!! – e tentou se soltar e correr, mas, foi em vão. Acabou mais uma vez amparado por um dos guardas.
- Sinto muito, garoto. – e então, voltou-se para o resto dos guardas – homens, vamos nos retirar! A Matilha já fugiu! Vamos procurar em toda a região!!!
- Sim senhor!!! – e com isso os guardas se reorganizaram, preparando-se para ir embora.
- Por favor... por favor, me deixe ir junto! Me deixe encontrar Andréa!!
- Desculpe filho, mas não posso. – e então se virou para ir embora – Homens! Vamos!!!
Os moradores já haviam começado a voltar às ruas. Não demorou muito e o senhor Folkor chegou, junto com Lauro. Ele amparou o filho quando o guarda foi embora, e suspirou, inconformado com a perda de Andréa:
- Lauro, pegue a arma de volta.
- Tá bom, papai. – e foi; Augusto encarou o filho.
- Você fez o que podia, Mileno. De qualquer maneira, eles teriam levado uma de suas irmãs. Era inevitável. Vamos voltar para casa e cuidar do seu joelho... sua mãe e suas irmãs estão preocupadas.
O rapaz não respondeu nada, apenas acompanhando o pai e o irmão mais velho. Estava sentindo-se culpado demais para responder ou pensar em qualquer outra coisa que não fosse que ele era o responsável por aquilo... Andréa... Andréa...
2 comentários:
tá, pera ai.. o irmão mais velho dele não tinha ido embora? o.O
e putssss... q azarado, falhar o tiro e perder o joelho e a irmã, manda ele se benzer :P
(bem legal mesmo ^^)
Gostei dos dois primeiros capítulos, tá legal a história ^^.
Gosto de histórias que deixam alguns mistério no final de cada capítulo.
To esperando os próximos =]
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