quarta-feira, 21 de março de 2007

As Sombras de Zyega - Cap. 7 - Uma Batalha Explosiva

(leia aqui)No capitulo anterior:

Então, sacaram suas armas também. Mileno apenas concentrou-se numa maneira de enfrentar os dois... e o tempo era escasso. Dentro de poucas horas, Flégias seria executado.

A primeira atitude que Mileno tomou foi se afastar de dupla, e manter alguma distância seria preciso se quisesse escapar dos golpes de Bubu. Enquanto corria, pensando num plano, escapou de algumas setas de Mosca, que pareceu ficar irritado. Virou-se e mirou a besta que o homem usava, acertando um tiro de raspão. Porém, enquanto ficou parado para atirar, não percebeu a rápida aproximação de Bubu, conseguindo desviar apenas o suficiente para não tomar a potência inteira de um soco na têmpora. Levemente atordoado, cambaleou alguns passos, sendo atingido de raspão por uma seta no ombro esquerdo:

Bubu deu um sorriso debochado, enquanto se aproximava de Mileno. O rapaz atirou, mas, o tiro passou bem longe de acertar o homem alto e corpulento. Ele ajeitou sua adaga de soco na mão e avançou sobre Milo. Menos tonto do soco na têmpora, desviou para o lado e acertou um tiro no ombro de Bubu, que se afastou por causa da dor. Aproveitando-se disso, o rapaz aproveitou para chutar a adaga de soco no rio, enquanto engatilhava o mosquete para mais um tiro, dessa vez mirando Mosca. O homem encarou o rapaz um tanto quanto apreensivo, mas, acabou sorrindo quando notou a hesitação de Milo:

Com isso, Mosca sacou uma segunda besta e atirou em Mileno, atingindo-o na mão esquerda. Milo caiu no chão, tentando arrancar a seta de sua mão. Depois de conseguir, pegou o mosquete e atirou no braço direito de Mosca, que também caiu. Bubu, percebendo a situação, levantou-se e pulou sobre Mileno, que rolou no chão para o lado. Ele não tinha como carregar a arma e atirar antes que Bubu se lançasse sobre ele mais uma vez, então revirou a bolsa em busca de algo que pudesse ajudá-lo. E foi aí que percebeu uma coisa que não estava ali antes: uma pequena granada de mão. Provavelmente posta ali por Jack, com o intuito de ser de alguma ajuda para Mileno. Sem pestanejar, arrancou o pino da granada com os dentes e jogou em direção a Bubu e Mosca, que saíram correndo assim que perceberam que se tratava de uma granada. Subiram em seus quadriciclos e deram a partida, mas isso não foi o bastante para afastá-los da explosão, que os atirou para bem longe das vistas de Milo.

O rapaz se largou na grama, aliviado por tê-los vencido à tempo, e para sua inacreditável sorte a explosão chamou a atenção de alguns guardas da prisão, que saíram campo afora pelo portão do rio. Aproveitando a chance, Mileno lançou-se no barranco, escorregando até o rio e se dirigindo para a prisão o mais rápido que podia. Chegando lá dentro, usou o mosquete para bater no único guarda que havia ficado para trás, deixando-o inconsciente. Arrastou o homem para trás de uma pilastra, para evitar que fosse encontrado logo, e se colocou a subir cautelosamente a escadaria de pedra mal-iluminada.

As paredes úmidas e imundas formavam extensas galerias e corredores, por onde Mileno sentia algum dificuldade em transitar. Estava praticamente sem esperanças de encontrar Flégias o mais breve possível quando chegou a um corredor repleto de portas. Logo ali havia também um homem grande e gordo vestido de preto... talvez fosse um carrasco. Mas, o caso é que estava com as chaves, e isso era motivo o suficiente para se tornar um alvo. Milo encostou-se numa parede, abrindo a bolsa e pegando quatro balas. Com alguma demora e dificuldade conseguiu carregar o mosquete. Assim, foi até o corredor, ficando de frente para o carrasco. Apoiando a arma no braço esquerdo, já que não podia segurá-la com a mão, atirou, acertando o carrasco em cheio. Correu e pegou as chaves, indo de cela em cela até encontrar Flégias, que à essa altura encarava a porta, como se já esperasse ver o rosto de Mileno ali:

Flégias se deixou puxar até o corredor. Lançou um olhar ao carrasco morto, e depois à Mileno. Era difícil explicar, mas ele não se parecia tanto com o rapaz que havia encontrado na estrada no dia anterior. Ouvindo os passos dos guardas, arrancou o mosquete da mão de Milo e foi na frente, atirando nos mesmos. Quando a escada estava livre, fez um sinal para que Milo o acompanhasse; o rapaz andou até o homem e pegou o mosquete de volta, mexendo na bolsa e tirando dela as armas de Flégias:

Assim, os amigos saíram correndo pelos corredores tortuosos, distribuindo tiros para qualquer um que se colocasse em seu caminho como um obstáculo. Alguns guardas, mesmo presenciando o ocorrido, tinham suas dúvidas quanto à veracidade dos fatos. Aquela era a primeira fuga daquela prisão em anos!! E, dentre todas as fugas, a primeira a ser feita por uma única dupla de atiradores.

Já chegando ao portão do rio, ouviram as vozes dos guardas gritando: "Baixar o portão!!!", "Não deixe esses desgraçados saírem daqui!!!!", "Homens, preparar para o ataque!!" e outras coisas do gênero. Lançaram-se na água, nadando com todas as forças para não serem atingidos pelo portão que caía em direção às águas turvas. Em alguns minutos, estavam na orla da floresta. Correram mais alguns metros, até terem certeza que haviam despistado todos os seus perseguidores. Assim, deram mais alguns passos exaustos antes de se deixaram cair sentados no chão, recuperando o fôlego perdido. Depois de um tempo assim, Milo revirou a bolsa atrás de algumas bandagens, para a mão ferida. Flégias não conseguia deixar de rir, observando as tentativas fracassadas de Mileno em enfaixar direito a própria mão, e depois de se divertir bastante com a cena, pegou a faixa e puxou a mão de Milo sem muita delicadeza, para então terminar aquilo que o garoto havia tentado começar várias vezes:

Assim, iniciava-se mais uma vez a longa jornada da dupla, porém agora como procurados da justiça. Os desafios agora seriam ainda maiores, mas, estavam preparados e decididos a não se deixar barrar por nada que surgisse no caminho!