(leia aqui)No capitulo anterior:
- É aqui que mora um tal Flégias?
- É sim. Mas, agora ele... - mas, antes que pudesse terminar, os homens o afastaram, entrando na casa e caminhando até a sala; Flégias os encarou, sentando-se direito no sofá.
- Ora, ora... em que posso ajudá-los, senhores oficiais de Elvengrado?
- Você, Flégias, é acusado do assassinato de Robert Cardigan, e segundo a Lei, você será executado ao pôr-do-sol.
Mileno não sabia o que fazer. Flégias estava simplesmente sendo levado. Ele tentou livrar o amigo das mãos dos guardas, alegando que este era inocente com certeza, mas, foi ignorado. Flégias lançou-lhe, ainda, um último olhar de censura antes de ser praticamente arrastado de sua casa para o local onde aguardaria por sua execução.
Mileno recuou alguns passos, caindo sentado no chão, sem saber o que fazer ao certo, enquanto fitava a porta aberta. Encarou o mosquete, sobre a mesa, que Flégias concertara. O pegou como se mirasse um alvo, verificando que mira estava alinhada corretamente. Então, procurou nos armários por algum tipo de bala que servisse; quando encontrou uma caixa, enfiou dentro da mochila, pendurou a arma no ombro e saiu, decidido a ajudar Flégias de qualquer forma, nem que para isso tivesse que invadir a prisão e arrancá-lo de lá.
Quando fechava a porta, notou que o tal Jack vinha em sua direção, aparentemente preocupado. O senhor parou de frente para Mileno, que começou:
- Velho Jack... é verdade o que aqueles guardas disseram? Que Flégias matou um homem chamado Robert Cardigan?
- Eu não sei, guri. Acho possível, mas, pouco provável. Cardigan era um figurão da região... morreu há mais de 2 anos. Para virem procurar Flégias só agora, com certeza é armação. - Jack ponderava, se apoiando na bengala com uma mão, e com a outra atrás das costas.
- Armação? De quem?
- Qualquer um. - Jack então tratou de explicar, quando percebeu a incógnita na face de Milo - da mesma forma que muita gente gosta do garoto por aqui, muita gente quer ele fora de seus caminhos... eu falei isso ontem. Provavelmente alguém que sabia disso resolveu usar contra Flégias agora, por ser mais oportuno.
- E será que não tem um jeito de impedir que ele seja executado? Talvez encontrando o verdadeiro assassino?
- É um jeito. Mas, você tem só até o pôr-do-sol, não?
- Bem... sim.
- Então, pense numa outra forma.
- Espere um pouco... e aquele tal Irmão Paolo? Ele ajudaria, não ajudaria?
- Talvez sim, talvez não guri. Se for interessante para ele, ele ajuda. É assim que as coisas funcionam nesse meio.
- E onde o encontro? - Mileno estava começando a ficar ansioso.
- E pra quê todas essas perguntas, guri? Aposto que até ontem de manhã não conhecia o garoto. Por quê tem tanto interesse em ajudar ele?
- Porquê...? - Mileno encarou Jack, pensando por algum tempo, até que enfim respondeu - pelo mesmo motivo que ele decidiu me ajudar quando estava em apuros na estrada.
Jack ficou um tempo calado, antes de sair andando e fazer um sinal para que Milo o seguisse. Eles andaram até o que parecia ser uma taverna, e Jack lhe disse que talvez encontrasse o Irmão Paolo por ali. O rapaz adentrou o lugar, um pouco receoso, e então procurou Paolo com o olhar. Ele estava com seus companheiros, numa mesa de canto, longe de toda a confusão e jogatina do centro da taverna, brindando e rindo alto. Mileno se aproximou do grupo, e chamou por Paolo algumas vezes, até perceber que era inútil: nem mesmo ele ouvia sua própria voz direito, com todo o barulho do lugar, que diria Irmão Paolo, que estava do outro lado da mesa. O rapaz pegou seu mosquete e atirou para cima, atraindo TODAS as atenções para si. Irmão Paolo o encarou de cima a baixo, enquanto fazia um sinal para que os outros voltassem a fazer o que estavam fazendo. Então, fez um outro sinal, chamando Mileno para mais perto:
- O que quer, moleque? Veio repetir a dose de ontem? - e os homens que estavam junto riram alto.
- Não. Vim pedir uma coisa. - Milo parecia estar juntando toda a sua coragem e determinação para falar com Paolo.
- E que coisa? - Irmão Paolo o encarou interessado.
- Quero que me ajude a tirar Flégias da prisão. Ele não pode ser executado por algo que eu tenho certeza de que ele não fez.
- Ora... então os boatos eram verdadeiros. - o homem bem vestido ponderou, antes de fazer um sinal, chamando por um garçom - Ô magrão, mais uma rodada aqui por minha conta. É hora de festejar!! - e os outros que estavam junto apenas comemoram com um "Woah!!!"
- Festejar? Festejar o quê? - Mileno o encarava incrédulo.
- Festejar o fato de que acabo de me livrar, de graça, de uma pedra que há muito tempo me incomodava. Não tenho mais dívidas com ele... e em breve não terei mais ele para me atrapalhar! - e então encarou Mileno com um olhar ameaçador e levemente debochado - agora, vá embora antes que eu resolva terminar os meus assuntos de ontem com você, moleque.
O garoto lançou um último olhar antes de ir embora a Paolo, que comentou alguma coisa com seus homens e começou a gargalhar divertidamente, acompanhado de toda sua renca. Agora sim ele tinha certeza de que estava sozinho naquilo.
Foi andando, até que chegou à prisão; os muros altos de pedra que a cercavam eram fortemente protegidos por vários guardas armados. Mesmo que conseguisse galgar os muros, provavelmente levaria um tiro assim que chegasse ao topo, ou então bem antes disso. Foi circundando a prisão, procurando por alguma brecha que pudesse usar para entrar, e então avistou um canal que ligava a prisão a algum lugar na floresta ao além. Ali se encontrava um grande e pesado portão de ferro, já meio desgastado, mas que com certeza chegava até ao fundo do rio. Apesar disso, apenas um guarda tomava conta desse portão, o que poderia tornar as coisas pouco mais possíveis. Milo encarou o portão por longos instantes, antes de finalmente decidir o que faria.
Quando começou a andar em direção à parte mais afastada do rio, planejando mergulhar e nadar até a prisão, ouviu um ronco de motores. Ele se deteve, e olhou para os lados, preocupado, enquanto ouvia os sons ficando cada vez mais próximos de si. Ele não viu, mas conseguiu desviar a tempo de ser atropelado por dois quadriciclos. Enquanto se recuperava do susto, ouviu os motores sendo desligados, e duas vozes começaram, debochadas:
- Até que encontramos o rato mais rápido do que o esperado, não é mesmo, Mosca?
- Isso mesmo Bubu. - e Mosca encarou Mileno - deve ser nosso dia de sorte!!
Milo encarava a dupla, quase incrédulo de tanta surpresa; nem em seus piores pesadelos ele imaginara que os únicos bandidos remanescentes do ataque de dias atrás pudessem voltar, provavelmente querendo vingança. Então, parecendo "acordar", empunhou o mosquete, ficando pronto para atacar:
- Onde está a minha irmã e o que vocês fizeram com ela?!
- Ohn... que bonitinho... ele ainda tem esperanças de encontrar a ratinha, Bubu. Não te comove? - Bubu encarou Mosca, com um sorriso debochado - pois é... a mim também não!! - e gargalharam divertidamente juntos.
- Eu perguntei onde está a minha irmã e o que fizeram com ela!! - Mileno atirou próximo ao pé de Bubu, que então o encarou sério.
- Olha só... o ratinho quer falar sério.
- Pois é. - Mosca o encarou - mas, onde ela está? O que me diz, Bubu? Onde está a ratinha?
- Ahahahaha... isso só o chefe pode dizer agora!!!
- É fedelho... deixamos a sua preciosa irmãzinha com o chefe. Numa hora dessas, ela já deve ter virado comida de cachorro!!! - Mosca e Bubu gargalharam mais - se bem que o chefe bem que pode ter se comovido um pouco pelo rostinho e pele lisinha dela... quem sabe ainda não está viva? Ou de repente não... não faço idéia.
- Sinceramente, não damos a mínima pra suas perguntas, fedelho. Viemos para levar sua cabeça numa bandeja de prata para o chefe, e é o que faremos!!!
Então, sacaram suas armas também. Mileno apenas concentrou-se numa maneira de enfrentar os dois... e o tempo era escasso. Dentro de poucas horas, Flégias seria executado.
3 comentários:
Muito boa a historia hehe
Puuutz!!!
Bem na hora que o Milo estava indo salvar o Flégias aparecem aqueles malas-sem-alça?!
Que prezepada... /o/
É, acho que o Flégias vai pra forca
ahuahuah
Flw o/
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