(leia aqui)No capitulo anterior:
- Sinceramente, não damos a mínima pra suas perguntas, fedelho. Viemos para levar sua cabeça numa bandeja de prata para o chefe, e é o que faremos!!!
Então, sacaram suas armas também. Mileno apenas concentrou-se numa maneira de enfrentar os dois... e o tempo era escasso. Dentro de poucas horas, Flégias seria executado.
A primeira atitude que Mileno tomou foi se afastar de dupla, e manter alguma distância seria preciso se quisesse escapar dos golpes de Bubu. Enquanto corria, pensando num plano, escapou de algumas setas de Mosca, que pareceu ficar irritado. Virou-se e mirou a besta que o homem usava, acertando um tiro de raspão. Porém, enquanto ficou parado para atirar, não percebeu a rápida aproximação de Bubu, conseguindo desviar apenas o suficiente para não tomar a potência inteira de um soco na têmpora. Levemente atordoado, cambaleou alguns passos, sendo atingido de raspão por uma seta no ombro esquerdo:
- O que foi Mosca!?! Acerta ele logo!!
- Bem que eu queria Bubu, mas esse fedelho maldito conseguiu arrebentar minha besta. Não consigo mirar direito. Você vai ter que dar cabo dele.
- Pode deixar então.
Bubu deu um sorriso debochado, enquanto se aproximava de Mileno. O rapaz atirou, mas, o tiro passou bem longe de acertar o homem alto e corpulento. Ele ajeitou sua adaga de soco na mão e avançou sobre Milo. Menos tonto do soco na têmpora, desviou para o lado e acertou um tiro no ombro de Bubu, que se afastou por causa da dor. Aproveitando-se disso, o rapaz aproveitou para chutar a adaga de soco no rio, enquanto engatilhava o mosquete para mais um tiro, dessa vez mirando Mosca. O homem encarou o rapaz um tanto quanto apreensivo, mas, acabou sorrindo quando notou a hesitação de Milo:
- O que foi fedelho... não consegue puxar o gatilho?
- Consigo... só não acho que seja necessário matar vocês.
- Oh... está querendo dizer que está nos dando a chance de fugir? - e deu um riso debochado - é por isso que eu odeio pessoas como você. Cheios dessa falsa nobreza... mas, no fundo só não quer ter o peso de mais uma morte nas costas.
- Não me subestime!!! A partir do momento que resolvi salvar a minha irmã, já sabia que teria que sujar as minhas mãos mais cedo ou mais tarde. Só estou dizendo que não tenho mais nada para tratar com vocês!! Eu já venci essa luta!
- Não cante vitória até ter o seu adversário morto aos seus pés!!
Com isso, Mosca sacou uma segunda besta e atirou em Mileno, atingindo-o na mão esquerda. Milo caiu no chão, tentando arrancar a seta de sua mão. Depois de conseguir, pegou o mosquete e atirou no braço direito de Mosca, que também caiu. Bubu, percebendo a situação, levantou-se e pulou sobre Mileno, que rolou no chão para o lado. Ele não tinha como carregar a arma e atirar antes que Bubu se lançasse sobre ele mais uma vez, então revirou a bolsa em busca de algo que pudesse ajudá-lo. E foi aí que percebeu uma coisa que não estava ali antes: uma pequena granada de mão. Provavelmente posta ali por Jack, com o intuito de ser de alguma ajuda para Mileno. Sem pestanejar, arrancou o pino da granada com os dentes e jogou em direção a Bubu e Mosca, que saíram correndo assim que perceberam que se tratava de uma granada. Subiram em seus quadriciclos e deram a partida, mas isso não foi o bastante para afastá-los da explosão, que os atirou para bem longe das vistas de Milo.
O rapaz se largou na grama, aliviado por tê-los vencido à tempo, e para sua inacreditável sorte a explosão chamou a atenção de alguns guardas da prisão, que saíram campo afora pelo portão do rio. Aproveitando a chance, Mileno lançou-se no barranco, escorregando até o rio e se dirigindo para a prisão o mais rápido que podia. Chegando lá dentro, usou o mosquete para bater no único guarda que havia ficado para trás, deixando-o inconsciente. Arrastou o homem para trás de uma pilastra, para evitar que fosse encontrado logo, e se colocou a subir cautelosamente a escadaria de pedra mal-iluminada.
As paredes úmidas e imundas formavam extensas galerias e corredores, por onde Mileno sentia algum dificuldade em transitar. Estava praticamente sem esperanças de encontrar Flégias o mais breve possível quando chegou a um corredor repleto de portas. Logo ali havia também um homem grande e gordo vestido de preto... talvez fosse um carrasco. Mas, o caso é que estava com as chaves, e isso era motivo o suficiente para se tornar um alvo. Milo encostou-se numa parede, abrindo a bolsa e pegando quatro balas. Com alguma demora e dificuldade conseguiu carregar o mosquete. Assim, foi até o corredor, ficando de frente para o carrasco. Apoiando a arma no braço esquerdo, já que não podia segurá-la com a mão, atirou, acertando o carrasco em cheio. Correu e pegou as chaves, indo de cela em cela até encontrar Flégias, que à essa altura encarava a porta, como se já esperasse ver o rosto de Mileno ali:
- O que está fazendo aqui, guri?!
- O que te parece? - e abriu a cela, fazendo um sinal para que Flégias viesse - estou salvando você!!
- Me salvando? Que tipo de pessoa insana salva um criminoso como eu? - e encarou Mileno, sem nem se mexer.
- O mesmo tipo de pessoa insana que acabou de matar um carrasco e roubar as suas chaves só para salvar um amigo!! Vamos depressa... não temos tempo! Logo os guardas vão chegar aqui!! - Milo tinha urgência em sua voz, e falava enquanto dividia o olhar no corredor e sobre Flégias.
- Guri... você não sabe o que está fazendo... está acabando com a sua vida por nada.
- Não é por nada. - e foi até Flégias, puxando-o pelo braço - você me disse que ajudaria a salvar a minha irmã... só vim cobrar isso!
Flégias se deixou puxar até o corredor. Lançou um olhar ao carrasco morto, e depois à Mileno. Era difícil explicar, mas ele não se parecia tanto com o rapaz que havia encontrado na estrada no dia anterior. Ouvindo os passos dos guardas, arrancou o mosquete da mão de Milo e foi na frente, atirando nos mesmos. Quando a escada estava livre, fez um sinal para que Milo o acompanhasse; o rapaz andou até o homem e pegou o mosquete de volta, mexendo na bolsa e tirando dela as armas de Flégias:
- Achei que fosse gostar que eu as trouxesse. Afinal de contas, esse "amigo velho e temperamental" é meu.
- Amigo velho e temperamental, huh? - e deu um risinho - perfeito. Prefiro mesmo as minhas belezinhas. Mas, então, algum plano brilhante de fuga? Provavelmente a partir de agora vai ser um procurado, como eu.
- Plano de fuga? - e encarou Flégias com um sorriso debochado - agora sou eu que tenho que fazer tudo?! Meu único plano era tirar você daqui.
- Por que eu não me surpreendo com isso? - e bateu na própria testa, divertido - então, antes de tudo, vamos sair daqui como você planejou. E depois a gente vê o que é que rola!!
Assim, os amigos saíram correndo pelos corredores tortuosos, distribuindo tiros para qualquer um que se colocasse em seu caminho como um obstáculo. Alguns guardas, mesmo presenciando o ocorrido, tinham suas dúvidas quanto à veracidade dos fatos. Aquela era a primeira fuga daquela prisão em anos!! E, dentre todas as fugas, a primeira a ser feita por uma única dupla de atiradores.
Já chegando ao portão do rio, ouviram as vozes dos guardas gritando: "Baixar o portão!!!", "Não deixe esses desgraçados saírem daqui!!!!", "Homens, preparar para o ataque!!" e outras coisas do gênero. Lançaram-se na água, nadando com todas as forças para não serem atingidos pelo portão que caía em direção às águas turvas. Em alguns minutos, estavam na orla da floresta. Correram mais alguns metros, até terem certeza que haviam despistado todos os seus perseguidores. Assim, deram mais alguns passos exaustos antes de se deixaram cair sentados no chão, recuperando o fôlego perdido. Depois de um tempo assim, Milo revirou a bolsa atrás de algumas bandagens, para a mão ferida. Flégias não conseguia deixar de rir, observando as tentativas fracassadas de Mileno em enfaixar direito a própria mão, e depois de se divertir bastante com a cena, pegou a faixa e puxou a mão de Milo sem muita delicadeza, para então terminar aquilo que o garoto havia tentado começar várias vezes:
- Ah... você é uma comédia. Devia se ver!! - e deu um sorriso debochado.
- Seu sádico. - e suspirou, enquanto Flégias terminava o curativo.
- Pronto. Acho que logo deve conseguir segurar o mosquete com as duas mãos denovo... não parece ter sido muito grave.
- Tomara. Eu e setas de bestas temos uma longa história de atração, que eu gostaria que terminasse por aqui mesmo.
- Ahahaha... isso vem com o tempo. Tem muito o que aprender de lutas ainda. Mas, pelo que eu vi lá naquela prisão, até que tem potencial!
- Tá fazendo muito pouco caso de quem acabou de salvar a sua vida...!! - Milo encarou Flégias meio contrariado.
- Mas, já tá se achando assim?! - e deu risada, antes de ficar um pouco mais sério - Ok... mas, agora é sério. Obrigado por me tirar de lá. Não sei como posso agradecer.
- É só cumprir com a sua palavra e me levar até Elvengrado! Bom... e se quiser me ensinar algumas coisas sobre lutas, eu não me importo...
- "Só"? - e sorriu, descontraído - considere-o feito, Milo!! - e então apertou a mão de Mileno, como forma de firmarem o acordo.
- Ótimo isso Flégias, mas, será que podia soltar a minha mão? Tá apertando a machucada... - Milo tinha uma expressão de dor condita no rosto.
- Poutz!! Foi mal!!! - e soltou a mão de Mileno na hora, com um sorriso sem-graça.
- Ah... tudo bem...
Assim, iniciava-se mais uma vez a longa jornada da dupla, porém agora como procurados da justiça. Os desafios agora seriam ainda maiores, mas, estavam preparados e decididos a não se deixar barrar por nada que surgisse no caminho!
2 comentários:
O Flégias é um desgraçado, pra que apertar a mão esquerda do piá? =p
ahuahuah
To gostando da história.
Continue(m). =]
Até o/
huahuahuahuah
dupla e tanto esses dois! \o\
bom pa caramba!! ^^
parabéns!
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