(leia aqui)No capitulo anterior:
- Ah! Prazer!!
- "Ah! Prazer!!"? – e suspirou, inconformado – vou nem mais discutir, garoto. Vamos logo pra próxima vila.
- Tá certo!!
E assim Mileno seguiu rumo à Elvengrado, agora acompanhado pelo excêntrico Flégias.
Mileno e Flégias seguiam seu caminho pela estrada. Depois de algum tempo, Flégias percebeu que o rapaz ao seu lado estava muito quieto, um tanto pensativo. Então, para quebrar o gelo, começou:
- Que foi guri? Pensando na vida?
- Hã...? – e virou-se para o homem, voltando de seus pensamentos – estava só imaginando como a minha irmã está...
- Ah... é mesmo!! Você está indo resgatá-la...
De todos que podiam chegar naquele momento, a Guarda de Elvengrado era a última coisa que os bandidos queriam ver. Preocupados com sua fuga, desmaiaram a refém com um golpe na nuca, e então correram até os seus quadriciclos, retornando para Jerrás, evitando todas as estradas principais.
Passaram pelos portões da cidade, e dirigiram-se diretamente até o palácio de Lorde Chakal. Um mensageiro os anunciou, e em pouco tempo estavam em frente ao já tão conhecido homem de olhar impetuoso, e de seu sádico braço direito. Ele se levantou quando os bandidos ajoelharam-se na sua frente, e então desceu alguns degraus da escada que o separava de seus subordinados:
- Pergunto-me se são corajosos ou idiotas, para virem até aqui mesmo depois de terem sido derrotados por um fedelho qualquer...
- Nós estávamos dando um jeito nele, senhor, mas alguém chamou a Guarda de Elvengrado e...
- Cale-se!!! – e então Lorde Chakal fez um gesto brusco com a mão – o que você acha disso, Zorak? – e ergueu a mão, como se dissesse que o homem podia falar.
- Os lobos estavam realmente famintos pela manhã... – e sorriu, sádico e cruel, fazendo a dupla engolir à seco.
- Deveria, então, chamar isso de tremendamente oportuno. – e encarou os bandidos.
- Meu Lorde!! – um guarda entrou no salão, puxando Andréa pela mão – desculpe interromper, mas a garota que eles deixaram no quadriciclo acordou e não parava de gritar.
- Garota, é? – e encarou Andréa, antes de fazer um sinal dizendo para o guarda soltá-la e ir embora – expliquem isso.
- É que eu e o Mosca... – começou um dos bandidos, perdido, pedindo por ajuda para o companheiro com o olhar.
- É, eu e o Bubu estávamos saindo de Zyega e resolvemos trazer ela... – Mosca encarou Bubu, nervoso.
- É! Trouxemos ela porquê, porquê...
- Trouxeram ela para mim? – Lorde Chakal os encarou, descendo os últimos degraus, ficando mais próximo dos bandidos e de Andréa.
- Trouxemos ela para o senhor...? – Bubu e Mosca se entreolharam – Isso! Isso mesmo!!! Trouxemos ela para o senhor!
- É isso mesmo! – Bubu começou – pensamos assim: "Nosso chefe adoraria que nós levássemos uma garotinha para ele!", então, seqüestramos essa e a trouxemos!!!
- Certo... darei uma segunda chance para vocês então. Voltem até lá, e matem aquele fedelho maldito que acha que pode se meter comigo.
- Sim senhor, Milorde!!! – e foram embora; Zorak ladeou Chakal, encarando Andréa:
- O que faremos com a garota, senhor? – e levou a mão ao seu chicote, como se estivesse se segurando para não usá-lo.
- Hmm.... – Chakal parecia medir Andréa de cima a baixo, com um olhar crítico – não sei. Não faz meu gênero. Muito nova e muito reta.
- E-ei! – Andréa conseguiu apenas balbuciar.
Ela encarou os homens que estavam na sua frente: Chakal vestia calças pretas, sapatos de verniz, uma camisa social azul xadrez e um casaco lilás bem claro, quase branco. Os longos cabelos negros presos num rabo baixo, destacando ainda mais os claros olhos impetuosos, que pareciam ser capazes de atravessar a alma das pessoas. Já Zorak vestia-se com um casaco de veludo vermelho, com grades botões de madeira. Botas pretas longas por cima das calças, também pretas, além de um chapéu de pêlos marrom. Mas, independente das roupas que usavam, aquela dupla causava calafrios na menina:
- Bem... se o senhor me permitir, tenho algumas idéias... – Zorak sorriu; sádico e cruel como de costume.
- Mesmo? – Chakal encarou Zorak com displicência – faça bom proveito então. Para mim, ela é inútil. – então, Zorak já se preparava para pegar Andréa, quando ela disse:
- Espere!!! Eu posso ser útil sim!!!
- Escute... já disse que você não faz o meu gênero garota. Não insista.
- Não é nada disso!!! Eu sou uma engenheira!! A melhor de Zyega!!
- Engenheira, é? – e pareceu pensativo
- Nós estamos com a vaga de engenheiro em aberto senhor, desde que aquele último não foi capaz de realizar os consertos necessários... – os olhos de Zorak brilharam cruelmente.
- Para ser sincero, eu não acredito em você, garota. Mas, também não sou um homem que desperdiça oportunidades quando elas se apresentam a mim. Darei-lhe uma única chance de provar seu valor. Se falhar, Zorak decide o que faz com você.
- Juro que não o decepcionarei!! – e então Andréa tratou de completar – mas, será que poderia me soltar agora? – e balançou as mãos amarradas.
- Dê um jeito nisso, Zorak. Vou deixar as coisas com você a partir de agora. – e estalou o dedo.
- Sim, Milorde. – e com isso sacou o chicote; alguns gestos velozes, e Andréa estava solta – venha comigo, garota. – e foi indo em direção à uma escadaria que descia até uma espécie de salão; este era totalmente vazio, não fosse por uma gigantesca caldeira – tudo que tem que fazer é consertar a caldeira do sistema de calefação do palácio. Todos os outros engenheiros que tentaram falharam miseravelmente.
- Eu... eu entendo. – e suspirou, encarando a grande caldeira, enquanto Zorak deixava a sala
O homem voltou até o salão principal, onde Lorde Chakal estava. Ele encarou o chefe, que começou:
- Acha que ela consegue?
- Torço para que não. – e deu um riso malvado – mas, senhor... não teria sido útil dizer-lhe qual exatamente o problema da caldeira?
- Ora, e por que Zorak? Ela é uma engenheira, não? Vai saber se virar sozinha.
- Tem razão senhor. Tem razão...
Enquanto isso, Andréa desmontava a blindagem externa da grande caldeira. Passou tanto tempo apenas a desmontando que quase achou que seria impossível fazê-lo totalmente. Terminada essa primeira parte, começou a observar as emendas de canos, engrenagens e tubulações; à primeira vista, tudo estava na mais perfeita ordem. Rodeou a caldeira por mais algum tempo, antes de começar a pensar que talvez ela não estivesse quebrada, e que aquilo era apenas um teste. Assim, apertou o botão que colocaria a caldeira inteira para funcionar. Com um grande estrondo, uma enorme quantidade de fuligem e poeira negra voou em direção ao rosto de Andréa, que ficou apenas parada, tossindo, esperando a poeira baixar... "É... acho que ela está realmente quebrada...".
No salão principal, Zorak e Chakal gargalharam divertidamente, lembrando-se dos outros engenheiros que haviam feito a mesma coisa!:
- É senhor... acho que ela fracassou, como todos os outros.
- Como o esperado. – e suspirou – é realmente uma pena ter que ficar nesse frio maldito por mais tempo. Ah. Que seja... ainda tenho a lareira do meu quarto. Pode ir fazer o que tem que fazer, Zorak.
- Sim senhor. – e foi andando em direção à sala; quando estava na metade do caminho, puderam ouvir um grito de Andréa.
- Mas... que incrível essa sua técnica, Zorak. É nova? – Chakal encarou o braço direito, que por alguns segundos o encarou sem entender direito.
- Perdão senhor... como?
- Não foi uma técnica sua que fez a fedelha gritar, não é mesmo? – e encarou Zorak.
- Receio que não, senhor.
- Então, vá ver porque ela está gritando. Isso não deixa de me irritar, de alguma forma.
Zorak deu uma ligeira revirada de olhos, e voltou ao seu caminho. Chegando na sala, encontrou Andréa afastada da caldeira, batendo na mão direita repetidas vezes, enquanto dizia rápido, quase sem pausas "aiquenojo, aiquenojo, aiquenojo...":
- O que foi que aconteceu, fedelha?
- Ai que nojo!! Que nojo!! – e fez uma careta, totalmente enojada – o motivo pelo qual a caldeira está quebrada!!! – e apontou a mesma; Zorak se aproximou, e conseguiu ver entre engrenagens uma grande ratazana morta, já em estado de putrefação.
- O quê? Aquele camundongo entre as engrenagens?
- Camundongo?! – Andréa encarou Zorak – antes aquela coisa nojenta fosse um camundongo!!! Não teria travado todo o sistema da caldeira!!!
- Está levantando o tom de voz para mim? – Zorak ergueu uma sobrancelha, encarando Andréa.
- Não... essa também não é a questão...
- Cale-se. Apenas cumpra com seu trabalho. Se, para concertar a caldeira você tem que tirar aquela ratazana de lá, faça isso.
- Ai... está bem... – Andréa suspirou, pegando uma chave de boca e a usando para tirar a ratazana das engrenagens sem ter que tocá-la; assim que o fez, a atirou num canto qualquer da sala. Recolocou a blindagem da caldeira e então a ligou.
Chakal esperava o retorno de Zorak quando ouviu o barulho da caldeira funcionando. Então, o homem chegou na sala com Andréa ao seu lado, com uma expressão totalmente frustrada, devido ao sucesso da jovem:
- Pelo que percebo, estou olhando para a minha nova engenheira agora, senhorita...? – Chakal encarou Andréa, enquanto continha um risinho debochado por causa de Zorak.
- Andréa Folkor. – respondeu a jovem firme, já sem muito medo.
- Andréa Folkor, é? – e então sorriu de uma maneira meio maligna – seja bem-vinda à minha Matilha.
- Esquenta não guri... a gente vai lá buscar ela.
- O quê?! Você vai comigo?! – Mileno sorriu, encarando Flégias, que desconversou.
- Não, não! Eu disse você! Você vai lá buscar ela!!!
- Mas, eu ouvi muito bem você dizendo a gente...
2 comentários:
BEm, podemos dizer que ela é esperta, mto mais que o irmão :P
acho q ela sai de lá antes de ele chegar XD
ou talvez, nem queira sair, afinal voltar pra lá não parece ser tão bom XD
Oi ^^
Será que ela vai querer voltar quando o irmão dela chegar? Afinal o sonho dela era ser engenheira, não?
Tá muito boa a história
Até =]
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